
O resumo do último amistoso que o Brasil fez ontem aqui em Londres pode ser resumido a duas palavras.
Ronaldinho Gaúcho.
Após a partida, os jornalistas do mundo inteiro viram a mesma coisa.
Sérios espanhóis, barulhentos italianos, contidos ingleses.
A pergunta é como Dunga deixará apenas Kaká como homem de armação no meio de campo.
O jogo ofensivo brasileiro depende basicamente das suas arrancadas, dos seus passes, dos lançamentos.
Ou seja: ele é o único meia.
A seu lado, Felipe Melo, Gilberto Silva e Ramires ou Elano.
Essa estrutura tática Dunga não abre mão.
Três volantes e um só meia para procurar os atacantes Robinho e Luís Fabiano.
Nada melhor do que ouvir dos envolvidos na questão que vai ser mais repetida até o início da Copa do Mundo.
Não só no Brasil, como no mundo.
E após o jogo contra a Irlanda, o blog foi atrás dos jogadores que têm a solução para o mistério.
Felipe Melo: não é muito fácil travar a Seleção Brasileira, basta marcar o único meia, o Kaká?
Para isso não acontecer só há uma solução.
Eu, o Gilberto Silva, o Ramires ou o Elano temos que correr, marcar cobrir a nossa defesa.
O Kaká tem de ficar bonitinho no meio de campo recebendo nossos passes.
De frente para a defesa adversária.
E partir para cima, para arrebentar.
O que não pode acontecer é ele se desgastar vindo para a nossa defesa pegar a bola.
Se ele estiver de frente para o time adversário, com a bola dominada, a história é outra.
Todos podem até perceber o desenho tático do Brasil que não dá para marcar.
O Kaká é sensacional com a bola dominada.
Gilberto Silva: o Kaká não precisa de mais um meia ao seu lado para o time ficar mais equilibrado?
Não precisa, não.
O esquema que o Dunga traçou dá a opção de que o Elano ou o Ramires atue um pouco mais à frente, ao lado dele.
Os dois são muito habilidosos, inteligentes.
Podem criar.
Com a grande vantagem que marcam muito.
Isso é o importante do nosso meio de campo como o Dunga armou.
Além da atacar com qualidade, o nosso poder de marcação nos garante a posse de bola pela maior parte da partida.
Está tudo funcionando bem.
Ramires, você não tem de atacar um pouco mais, como disse o Gilberto Silva, para não sobrecarregar o Kaká?
Eu estou indo quando percebo que há espaço.
Também é importante que os jornalistas e as outras pessoas percebam que com três jogadores de marcação no meio de campo, os nossos laterais podem ser mais do que alas, podem ser pontas. Atacar à vontade. Time nenhum do mundo tem isso hoje. Enquanto vocês só repararam no Kaká, o resto do time está jogando. E bem.
E o maior interessado, Kaká?
É normal que eu seja o mais marcado, porque sou o mais ofensivo do meio de campo.
Mas a movimentação dos outros três que estão jogando comigo é muito grande.
E tem facilitado o meu trabalho.
O Brasil está no caminho certo, ganhando os jogos.
Isso é uma ótima indicação.
Os quatro jogadores do meio de campo mostram que estão bem ensaiados.
Mostram isso pelas palavras também.
Tudo é só mais perfeito quando ouvem as tais duas palavras: Ronaldinho Gaúcho…
‘Ah, isso é com o professor Dunga. Ele sabe se tem de chamá-lo ou não.’
Felipe Melo.
‘Tem de falar com o Dunga sobre isso. Eu não convoco ninguém.”
Ramires.
‘Convocação é com o Dunga. Ele sabe porque chama e porque não chama os jogadores. É assunto dele.”
Gilberto Silva.
‘O Ronaldinho é um grande jogador. Mas quem manda e sempre mandou na Seleção é o Dunga. Nós somos jogadores. O técnico é ele.”
Kaká.
Melhor nem abrir espaço para os jornalistas se manifestarem.
Eles provavelmente fariam com parte da torcida brasileira ontem no Emirates Stadium: gritariam em coro o nome de Ronaldinho Gaúcho…